A história da Humanidade está cheia de lacunas, fato que tem ocupado historiadores e estudiosos no empenho de preenche-las. Outros têm a pretensão de reescrever a própria historia conhecida, como é o caso do livro "Jesus Viveu na Índia", do autor alemão Holger Kersten. Na verdade, ele faz as duas coisas: ocupa lacunas e reedita episódios… pra lá de dogmáticos.
A tese bombástica de um católico
Holger Kersten escreveu um livro polêmico, ainda mais controverso por ser ele teólogo. SegundoKersten, Jesus, quando adolescente, fugiu para a Índia na época em que o seu casamento começou a ser acertado entre as famílias judias. Ao chegar na terra dos avatares, o garoto fujão foi acolhido por sacerdotes, recebendo destes forte influência do budismo. Depois, já adulto e de volta à Palestina, os ensinamentos de Budha o teriam norteado em suas pregações futuras, agora em seu próprio solo de origem.
Holger Kersten |
O grande hiato dos Evangelhos
Isso teria acontecido durante os denominados "anos perdidos da vida de Jesus", o obscuro período que vai dos seus 12 aos 30 anos. O autor alemão,
para apoiar suas afirmações estremecedoras, apresenta farta documentação histórica e realiza uma análise crítica das escrituras bíblicas, bem como aponta as incríveis "coincidências" existentes entre as palavras de Jesus e a doutrina budista. Tal paralelo situaJesus bem mais próximo dos ensinamentos de Budha do que da própria formação ortodoxa judaica que recebeu. Não bastasse, Kersten ainda incursiona em seu livro por narrativas orientais que corroboram a história oculta da vida de Jesus que ele levanta em sua obra.Documentos pertencentes a templos budistas, escritos em páli,
conteriam narrativas da passagem de Jesus pela Índia.
conteriam narrativas da passagem de Jesus pela Índia.
Jesus não morreu na cruz
Na época dos antigos romanos, os crucificados demoravam para morrer. A lenta tortura era proposital e intimidante. O povo devia conviver diariamente com o trauma do castigo infligido aos condenados. Há relatos históricos de apenados que levaram dias para exalar seu último suspiro. O procedimento da crucificação fora pensado para só matar o supliciado por sufocamento. Este acontecia em consequência do peso do corpo ceder sob o gradual desfalecimento dos músculos. A morte por fim ocorria com a total asfixiava dos pulmões.
Com Jesus, entretanto, o processo de sua suposta morte foi tão rápido (cerca de 3 horas) e inesperado que até Pôncio Pilatos admirou-se com o súbito falecimento do nazareno. Os defensores da versão tradicional religiosa contrapõem o argumento da morte forjada considerando que Jesus morreu de maneira antecipada devido ao cruel flagelo sofrido antes da crucificação.
Kersten avança em sua própria descrição dos fatos: o corpo de Jesus foi removido às pressas da cruz para em seguida ser entregue, secretamente, a seus discípulos escondidos. Estes o teriam assistido, cuidando de seus graves (porém não letais) ferimentos. Em três dias, provavelmente ainda dentro da gruta de José de Arimatéia (que não foi preenchida de terra, como seria esperado), Jesus teria se recuperado a ponto de parecer ressurreto para as poucas pessoas que, sem saber do fato, tiveram contato com ele na ocasião da reaparição. Após isso, foi questão de por em prática o planejamento da logística de fuga da Palestinapara o Oriente.
O próprio José de Arimatéia serviu de peça chave na farsa da morte de Jesus. Rico e influente, ele cuidou dos pormenores não apenas do resgate da cruz. Tratou também de como Jesus deveria passar pelo doloroso trâmite da condenação. Kersten vai mais longe. Levanta a hipótese de Jesus ter sorvido uma substância de efeito letárgico, que na bíblia foi referida como fel, a qual teria-lhe induzido um estado de quase-morte. Este foi o sinal para os soldados de que seu drama deveria acabar. Se ainda levarmos em conta que o "Evangelho de Judas" sugere que a crucificação não passou de um "acerto" (isentando Judas da traição), talvez a tese de Kersten ganhe reforço com o texto apócrifo.
A segunda vida na Índia e o nome Yuz Asaf
A esta altura já sabemos que Jesus sobreviveu ao suplício da cruz e fugiu para a Índia. Na Caxemira, cidade que teria escolhido para se estabelecer (e que já conhecia desde garoto), casou-se e viveu até os72 anos. Adotou o nome Yuz Asaf, cuja tradição local também chama de "O Profeta Errante". Seu nome em árabe seria Issa. E teve filhos, criando sua prole na região de Yusmarg (ou vale de Yusu), segundo escritos encontrados num templo budista em Ladakh. Consta que ainda hoje vive em Srinagar, no norte da Índia, um seu descendente direto. O homem chama-se Sahibzada Basharat Saleem.
Sahibzada Basharat Saleem.
Rozabal, o túmulo sagrado
Yuz Asaf morreu de velho e não dos ferimentos resultantes do martírio romano. Quando faleceu (de morte natural), ele foi sepultado. Rozabal (O Túmulo do Profeta) é o nome do santuário localizado no bairro Khanyar em Srinagar, na Caxemira, que recebeu seu cadáver. Até hoje o túmulo é venerado como sendo do próprio Jesus (Yuz Asaf). E, se for verdade, põe abaixo o dogma católico da Ascensão de Jesus aos céus.
O sarcófago é objeto da atenção e devoção eclética de muçulmanos, hinduístas e budistas. E Atualmente é mantido por um Conselho de Administração composto por muçulmanos sunitas.
O sarcófago é objeto da atenção e devoção eclética de muçulmanos, hinduístas e budistas. E Atualmente é mantido por um Conselho de Administração composto por muçulmanos sunitas.
Prédio que abriga o suposto túmulo de Jesus.
Aspecto antigo da Entrada do túmulo, que tem passado por reformas ao longo dos anos.
Aparência atual da entrada do túmulo.
Antiga cobertura de madeira do túmulo do profeta Yuz Asaf (Jesus).
Atual cobertura de madeira abrigando a lápide.
Outra visão do túmulo de Yuz Asaf.
Os pés do santo são marcados por duas perfurações que lembram os ferimentos sofridos por Jesus na cruz.
A posição das feridas ainda mostra que o pé esquerdofoi pregado diretamente sobre o direito.
A posição das feridas ainda mostra que o pé esquerdofoi pregado diretamente sobre o direito.
Duas fortes alusões a Jesus em Rozabal:
1) A Cruz! 2) O sarcófago está alinhado no sentido Leste-Oeste, de acordo com o costume judaico.
Este último fato atesta que Yuz Asaf não era um santo islâmico, visto que os árabes orientam
os túmulos no sentido Norte-Sul.
1) A Cruz! 2) O sarcófago está alinhado no sentido Leste-Oeste, de acordo com o costume judaico.
Este último fato atesta que Yuz Asaf não era um santo islâmico, visto que os árabes orientam
os túmulos no sentido Norte-Sul.
O profeta Yuz Asaf.
Diz ainda a tradição local:
"Jesus, ao sentir a aproximação de sua morte, mandou buscar seu discípulo Ba’bat (Tomás) e expressou a este seu último desejo: que se construisse uma tumba sobre seu corpo no lugar onde expirasse".
Ao que parece, seu pedido foi realizado.
Fonte: Gatos e Papos – Dica do Ricardo Joris
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